ATA DA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 25.02.1992.
Aos vinte e
cinco dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e dois
reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de
Porto Alegre, em sua Sexta Sessão Ordinária da Quarta sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada
a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quinta sessão
Ordinária, que deixou de ser aprovada por falta de “quorum” deliberativo. Do
EXPEDIENTE constaram os Ofícios nºs 95, 96, 98 e 99/92, do Prefeito Municipal.
Em COMUNICAÇAO DE LÍDER, o Vereador Wilson Santos manifestou-se acerca da ação
judicial movida pelo Executivo Municipal pela incontitucionalidade da lei que
aprovou o Imposto Predial e Territorial Urbana, ressaltando que o Partido
Liberal decidiu entrar com uma ação para poder responder no polo passivo a
contestação do referido processo. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adroaldo Corrêa
reportou-se ao pronunciamento do Vereador Wilson Santos, afirmando que o acordo
feito entre Executivo e Legislativo não fora cumprido. Falou, ainda, sobre as
dificuldades que vêm atravessando os funcionários do Hospital de Clínicas de
Porto Alegre. Propugnou pelo apoio dos Edis desta Casa em nome dos servidores
daquele nosocômio. O Vereador Nereu D’Ávila referiu-se sobre do projeto de
cercamento do Parque Farroupilha, justificando essa necessidade pela falta de
segurança e de higiene nos bebedouros, conforme noticia jornal desta Cidade,
bem como a depedração dos utensílios daquele local. O Vereador Clovis
Ilgenfritz reportou-se acerca do Plano Diretor da Cidade, alertando que o mesmo
deve ser adaptado conforme sua necessidade. Falou, ainda, sobre o cercamento do
Parque Farroupilha e venda de terreno na Rua Vasco da Gama, afirmando ser
imprescindível o bom senso desta Casa para essas questões que visam a melhoria de
Porto Alegre. A Vereadora Letícia Arruda destacou o 2º Congresso Internacional
Latino-Americano de Legisladores Municipais ocorrido em Punta Del Leste quando
da aprovação da 1ª Jornada de Formação de Líderes para a prevenção da SIDA,
propugnando pelo apoio dos governos do País, empresários e entidades ligadas à
saúde, para enviar o maior número possível de jovens a essa jornada para um
intercâmbio cultural que será realizado em Rosário-Argentina. Em COMUNICAÇAO DE
PRESIDENTE, o Vereador Dilamar Machado referiu-se sobre documento feito a dois
anos, entre Executivo e as floristas em que ficou acordado que as mesmas
permaneceriam, provisoriainente, ao lado do Edifício Guaspary, informando,
ainda, que até hoje, não foi resolvida a questão. Solicitou maior atenção por
parte da Administração Municipal com relação a essas trabalhadoras que também
visam melhores condições de vida. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Machado
repudiou matária publicada no jornal Zero Hora, sobre votação de veto dos
advogados, na Assembleia Legislativa, propugnando pelo apoio dos parlamentares
desta Casa pela derrubada desse veto que determina em vinte salários- mínimos
as questões da Justiça de Pequenas Causas ao invés de quarenta conforme o
projeto original. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Clóvis Ilgenfritz
reportou-se sobre pronunciamento do Vereador Dilamar Machado, sugerindo que as
floristas do Centro da Cidade sejam novamente transferidas para área mais adequada,
tendo em vista a obra do Centro Cívico na Praça Quinze. Disse, ainda, que a
Administração Municipal está preocupada em resolver tal situação. O Vereador
Ervino Besson manifestou-se acerca do pronunciamento do Vereador Nereu D’Ávila,
afirmando ser de extrema gravidade a falta de higiene nos bebedouros do Parque
Farroupilha, considerando necessário o cercamento do mesmo. Requereu maior
atenção e segurança nesses locais em que os porto-alegrenses procuram para
descanso e recreação. O Vereador Clóvis Brum falou sobre a dramática situação
das famílias pobres na hora de enterrar seus parentes. Relatou caminho
percorrido por essas pessoas até a consumação da cerimônia no Cemitério da
Santa Casa de Miseric6rdia. Referiu-se sobre projeto de construção de
cemitérios nas vilas periféricas de Porto Alegre. O Vereador João Dib reportou-se
acerca do projeto que se referiu o Vereador Clóvis Brum, dizendo que para
construir cemitérios na Cidade é necessário
alterar o Plano Diretor, afirmando que não se pode lançar uma esperança
impossível de ser realizada. Sugeriu o aprimoramento dos serviços que a Santa
Casa de Misericórdia oferece à população
pobre de Porto Alegre. Às quinze horas e cinqüenta e um minutos nada mais
havendo a tratar o Senhor presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para à Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e
Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelos Vereadores Wilson Santos e Clóvis
Ilgenfritz. Do que eu, Wilson Santos, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente
e 1º Secretário.
O SR.
PRESIDENTE (Dilamar Machado): Liderança, com o Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON
SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o IPTU está dando mesmo o que
falar, porque a Bancada do PDS liderada pelo Ver. João Dib já está questionando
judicialmente o IPTU no que tange a planta de valores. E nós, como
representante único do Partido Liberal nesta Casa, ficamos perplexos ao ver o
Prefeito de Porto Alegre abrir um confronto com o Legislativo. E neste
confronto, não respeitar a democracia representativa. Ver. Adroaldo Corrêa, a
democracia representativa que nós, Vereadores, exercemos. (Inaudível.)
Não, esta última. Vão ficar na de janeiro. A última
edição, mas uma edição válida. Tão válida que quem deu a validade foi o vosso
Prefeito. Aliás, o nosso Prefeito. O nosso Prefeito de Porto Alegre o ano
passado, em janeiro de 91, aconteceu a mesma coisa, que em janeiro de 92. Houve
o vício de origem, houve inconstitucionalidade. A lei foi feita pela Câmara,
não foi Projeto do Executivo. O ferimento violento à Constituição que ocorreu
quando não se deu cumprimento ao princípio da anualidade ao se votar a lei para
ter vigência no mesmo exercício. Ora, naquele momento serviu para o Prefeito,
havia conveniência para o Prefeito e a Lei não está aí à mercê da conveniência
do administrador. Ele silenciou ao vício de origem, silenciou à
inconstitucionalidade. Sancionou a lei porque lhe interessava. Houve a retirada
do limitador de 2.500% que era o teto máximo para aplicar o reajuste do IPTU.
Com a retirada do limitador ele pôde aplicar o céu é o limite, porque aplicou
6.000%, 7.000% de reajuste. Houve casos de 17.000%. Ora, e foi
inconstitucional. Agora também foi inconstitucional. Então o Prefeito foi à
Justiça. Então o que é que o Partido Liberal decidiu? Junto com a sua
assessoria jurídica, Dr. Cláudio Zocki, Dr. Antônio Prestes do Nascimento, Dr.
Jorge Nei Coelho da Silveira, mais o Vice-Presidente do PL, Dr. Ernani Piccolli,
resolvemos que nós já estamos entrando com uma das ações, requerendo a
habilitação junto ao Tribunal de Justiça como um dos assistentes da Câmara para
poder responder no pólo passivo a contestação de inconstitucionalidade. Para
quando ser declarada a inconstitucionalidade desta lei possamos, por extensão,
por efeito cadeia, anular, por inconstitucionalidade, as leis anteriores, e que
têm o mesmo vício de origem. Ora, então vamos zerar este IPTU. Ou vamos fazer
uma lei que se respeite ou vamos continuar neste festival de casuísmos. Em
respeito aos meus colegas, nós temos votado, mas nós temos votado sempre de
afogadilho verdadeiro festival de casuísmo. A Cidade merece que o Executivo
venha negociar com o Legislativo e se faça uma lei estável, que defenda o todo
da coletividade, que valha para todo mundo, e não leizinha para valer para um,
para outro. Vamos fazer uma lei séria. Então nós estamos fazendo isso, o
Partido Liberal se habilita junto ao Tribunal de Justiça com assistente, e vai
responder no pólo passivo a argüição de inconstitucionalidade. E vamos anular
as outras leis com o mesmo vício de origem. É essa a comunicação em nome do
Partido, tanto da representação aqui como a agremiação político-partidária,
representada neste ato pelo Dr. Ernani Piccolli, que é Vice-Presidente do
Partido Liberal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos às
Com
a palavra, o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, agradeço a Verª Letícia Arruda
pela transposição de tempo. E diria que o Ver. Wilson Santos que recorre à
Justiça contra as votações da Câmara de Vereadores, deve honrar as deliberações
da Justiça. Não satisfeito com o que a Câmara decide, o Vereador já recorreu
várias vezes contra a Câmara da qual faz parte. O Prefeito sequer faz parte da
Câmara. Faz parte de outro Poder. Divergiu da Câmara, recorreu ao árbitro, que
deliberou ainda em liminar. Mas pelo que conhecemos de julgamentos, nos leva a
crer que a liminar cedida pelo juiz ela tem fóruns de confirmar a sentença. Em
função de que, se fosse ferir direito da população, a liminar não seria dada,
por que a liminar é para resguardar direito. Então tudo o que nós reafirmamos
aqui na discussão do Projeto, caso se confirme essa sentença, confirma o nosso
ponto de vista, qual seja: recordem-se bem os Vereadores que nós dizíamos que
um acerto desta Câmara de Vereadores, uma negociação desta Câmara de Vereadores
politicamente realizado em novembro e em dezembro confirmado estava sendo, e dizíamos
isso em resposta ao Ver. Elói Guimarães, estava sendo rompido este acordo, o
Ver. Elói Guimarães chamava ao diálogo e nós dizíamos que nós tínhamos
freqüentado o diálogo em novembro e dezembro e que, portanto, quem tinha sido
desafiado, quem tinha sido desarvorado, tinha sido o Prefeito e não a Câmara
Municipal pelo Prefeito, porque foram dois acordos, um em seguida ao outro que
se concluíram. O Ver. Wilson Santos não tem razão alguma em dizer que o
Prefeito desafia a Câmara de Vereadores. O Prefeito busca o amparo para fazer
valer o que a própria Câmara tinha decidido há 15 ou 20 dias antes, confirmando
mês depois sua decisão anterior.
O Sr. João
Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É que esta noite,
Vereador, eu não consegui dormir, não tendo dormido eu lembrei - já que V. Exª
fala, talvez tenha sido premonição - lembrei que a Câmara está devendo a este
Vereador uma ação na Justiça contra o Sr. Olívio Dutra em razão do saque no
salário dos municipários, a Câmara está devendo. Então, aproveito V. Exª na
tribuna para pedir ao Presidente da Câmara que prossiga a ação, quer dizer,
ingresse em juízo com a ação contra o nosso prezadíssimo Prefeito Olívio Dutra.
O SR.
ADROALDO CORRÊA: É, eu ia trocar de assunto, mas não perderei, como diria o
Ver. Artur Zanella, a oportunidade de fazer uma boa frase. A Câmara de
Vereadores talvez faça o que V. Exª almeja em sonhos de noites de verão, mas
talvez não faça, porque V. Exª no cálculo do gasto de pessoal já perdeu a
concepção para o nosso entendimento. V. Exª já teve julgado contra si e estou
esperando documento do Tribunal para ler daqui uma sentença que o senhor disse
inclusive, V. Exª, ver João Dib já disse que mesmo que perdesse vai recorrer em
todas as instâncias, porque pensa assim, está correto pensar assim, até o
final. Vai Joãozinho do passo certo até o fim mandato, contra a interpretação
do Executivo levar a sua concepção de cálculo diferenciado de gasto de pessoal.
João Dib do passo certo, inclusive agora contra o Tribunal.
Mas, trocando de assunto, queria falar sobre um
registro e mais por isso agradecia a possibilidade de falar em primeiro lugar
no período de Comunicações a respeito do Hospital de Clínicas de Porto Alegre,
cujos funcionários vêm fazendo um alerta sobre a precariedade das suas
condições de trabalho, dos salários baixos que recebem, que vêm tentando
negociar, por antecipação, reajustes salariais com a data-base de abril do ano
passado ainda vigorando, numa inflação descabida como a nossa; numa situação em
que por desinteresse, quem sabe! Por falta de condições administrativas,
talvez! Mas, seguramente por razões políticas objetivas, a administração
daquele hospital não responde aos funcionários há 90 dias. Diz que vai ouvir o
Governo Federal que é quem tem para esta oportunidade, porque nesta
oportunidade é que escolheu este interlocutor, a responsabilidade sobre a
política salarial naquele hospital. Ora, é empresa pública o Hospital de
Clínicas? É um Hospital-Escola e, portanto, é uma estatal. É uma empresa
privada? Esta direção há cinco ou mais anos, não esta que está ai, a direção do
hospital, há cinco ou mais anos se sucedendo, sejam quais forem os
administradores entendem que o melhor para o hospital é a pior política para os
trabalhadores em qualquer período e aí reivindicam que o hospital tenha o
estatuto de empresa pública ou de empresa privada ou julga no regional ou julga
no federal conforme a oportunidade que vá ser pior para os trabalhadores. Os
trabalhadores realizaram um ato, dizem e o chamam de mobilização, de uma ação
que ultrapasse a vontade política da diretoria das suas entidades, que são duas
que dirigem o movimento ali no local, na frente do hospital, hoje, pela manhã,
das 10 ao meio dia e o farão de novo, no turno da tarde, na quinta-feira a
partir das 16 horas. Qual é o objetivo? É dizer que essa antecipação é
necessária em função de que até alguns trabalhadores do setor ganham menos que
o salário mínimo porque o seu salário não tinha sido corrigido em janeiro, não
ultrapassou a barreira do salário mínimo que passou a vigorar naquele mês. Os
Diretores do hospital, seguramente, vão dizer e sairá na imprensa que a parcela
que se mobilizou é mínima em relação ao número de funcionários, 2.500
funcionários, num turno talvez 1.400 funcionários, 1.500, turno da manhã talvez
tenha mais, 1.800, vão dizer que são poucos. Cento e cinqüenta pessoas na porta
de um hospital, desafiando a possibilidade de perda de emprego, contra a
recessão, trabalhadores de turno, de setores importantes, será pouco para a
direção. Se tiver 1.500, será pouco para a direção; se parar o hospital, eles
vão dizer que é problema da população que está sendo atingida. Então, antes de
parar, os trabalhadores estão avisando, está difícil de comprar a comida, de
pagar a creche das crianças e de vir saudável trabalhar em um hospital, está
dificílimo, e a administração não responde uma vírgula aos trabalhadores, a não
ser dizer que está buscando atenção e recursos em Brasília. A política do
Governo Collor para a Saúde não existe, existe a política de privatização da
Saúde, privatização de empresas estatais para aplicar em Saúde, que veremos,
talvez, no ano 2000, não os resultados, mas os primeiros programas, porque
neste Governo nós não temos nenhum investimento específico, a não ser repasse
de pagamento daquelas que são contribuições previdenciárias devidas a diversos
estabelecimentos conveniados no Sistema Único de Saúde. Temos a corrupção,
temos os Ministros de bicicletas, de guarda-chuvas e de mochilas. Mas o
hospital de Clínicas reclama e tem verba orçamentária própria para ir buscar em
Brasília e não consegue. Em função do quê? Da ausência de motivação política,
de tentar desgastar um movimento legítimo de trabalhadores que se realiza a
partir da única necessidade de sobrevivência de não ter o salário diminuído e
pauperizado em relação às suas necessidades. Pois na amanhã de hoje, das 10 ao
meio-dia, foi isto que fez a comunidade trabalhadora do Hospital de Clínicas.
Não se surpreendam a Câmara de Vereadores e a comunidade de Porto Alegre, se o
Hospital parar, porque os trabalhadores não conseguirão pagar para trabalhar,
isto não conseguirão, eles estão dispostos a ter, pelo menos, a justa
remuneração do seu salário para a moradia, as condições de manter os filhos e,
portanto, a alimentação. Frisando, na 5ª feira estão convidados todos os
Vereadores a conhecerem a realidade dos trabalhadores, a comparecerem à tarde a
esse ato, que é um ato de resistência dos trabalhadores, que enfrentam a
conjuntura de crise, e precisam repercutir positivamente na sociedade, e não
apenas depois que parou perguntarem por que parou, isto nós sabemos: parou por
falta de competência do Governo Federal. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Nereu D'Ávila.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Sr. Presidente, caríssimos Vereadores, no ano passado, nós
apresentamos um Projeto de Lei, que não chegou a ser votado, acerca do
fechamento do Parque Farroupilha que, aliás, até criou uma polêmica, que se
acentuou na Cidade, no meu entendimento talvez pela importância daquele Parque,
um dos nossos pontos turísticos. Até teve uma quantidade muito grande de votos
para ser o símbolo de Porto Alegre; se não me equivoco, tirou o quarto ou
quinto lugar naquele concurso cujo vencedor foi a estátua do Laçador com símbolo
de Porto Alegre.
Estou deixando correr o Projeto pois há que
amalgamar essa discussão, que é muito série e forte, a qual condiz com a vida
de todos os porto-alegrenses e com muitas pessoas da grande Porto Alegre que
têm o seu lazer, principalmente no Outono ou Primavera e Verão, que freqüentam
o Parque Farroupilha. O Jornal “Zero Hora - Leste/Oeste”, de 18-2-92, traz uma
reportagem interessante. (Exibe o Jornal.)
Diz a manchete: “Bebedouros da Redenção são usados
para higiene”. “Até preservativos são usados, denunciam ambulantes e
freqüentadores” - isso na primeira página. Na matéria, em página interna, diz:
“Uso indevido dos bebedouros preocupa”. Prosseguindo, diz a matéria: (Lê.)
“Na Redenção, perto da praça de brinquedos, dois bebedouros são usados para a higiene. Ambulantes recolhem, ali, muitos preservativos.
Anamara Bolsson
A saúde da população porto-alegrense que freqüenta o Parque Farroupilha corre
riscos. Os homossexuais que realizam seus encontros ali, durante a noite, estão
usando pelo menos dois bebedouros públicos, na frente da praça de brinquedos,
na área próxima às bicicletas de aluguel, para se lavarem após as relações
sexuais. É o que contam vendedores ambulantes, usuários da Redenção e moradores
da redondeza.
Eles já perderam a conta de quantas vezes encontram
preservativos dentro do bebedouro, inclusive dentro do cano d’água, que durante
o dia é utilizado principalmente pelas crianças. A administração do parque
desconhecia isso. ‘As pessoas que falam nunca viram os homossexuais ali’,
garante a veterinária Rosana Caldas, respondendo interinamente pela função.
Mas, na dúvida, ela diz que está em andamento um projeto para colocar um
registro geral longe do bebedouro. O que existe hoje não é fechado ‘mas se pode
pensar nisso’, conclui.
MOTEL - Os clientes dos táxis-boys da
JB costumam levá-los para seus apartamentos ou motéis. Mas muito deles preferem
usar o próprio parque. ‘O prazer está atrás de cada árvore aí dentro’, diz o
jovem A.B. Os policiais da Brigada Militar que fazem a patrulha da madrugada
confirmam, e chegam a brincar com o que deveria ser sério: ‘Se der um tiro numa
moita eu mato pelo menos três veados’.
Nas inúmeras batidas que fazem no interior do
parque, têm encontrado indivíduos das mais diversas atividades e de nível
sócio-cultural elevado. São profissionais liberais, juízes, jornalistas, e mais
recentemente um padre e um tenente da aeronáutica que ao ser advertido de um
carteiraço mostrando sua identidade. O táxi-boy A.B. também sabe disso e
engrossa o rol. Recentemente, encontrou três brigadianos com um dos rapazes da
JB mantendo relações sexuais.
Os ambulantes que saem do parque somente à noite,
também confirmam o grande número de pessoas que mantém relações sexuais em
torno do orquidário, do Recanto Oriental, e outros locais com vegetação mais
densa. ‘Eles fazem ninhos entre as plantas’, diz o pipoqueiro Nilo Ferreira, há
15 anos no Parque da Redenção.
‘O mais grave é o uso dos bebedouros’, se indigna
Ivandir da Silva, há quatro anos trabalhando no local. Ele não presenciou a
higiene dos usuários na bica, mas engrossa o coro dos que ouviram as histórias
de freqüentadores noturnos. Na semana passada teve que desentupir o pequeno
cano por onde sai a água que todos bebem. ‘Estava cheia de porcaria e tinha
camisinha lá dentro’, diz. Para o vendedor J.B. essa história é antiga: ‘Ouço
há mais de três anos’. Mas ninguém comunicou à administração da Redenção.”
O Sr.
Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Começou na administração do Olívio Dutra.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Não. Não começou na administração do Prefeito Olívio Dutra, Ver.
Adroaldo Corrêa. É uma história antiga esta Redenção que a Cidade toda comenta.
Mas eu não sou delegado de costumes nem corregedor geral em matéria sexual.
Estou aqui para reafirmar que, respeitando posições contrárias, mais dia menos
dias, mais anos menos anos, como toda cidade que se preza, principalmente para
a não depredação artística de seu patrimônio, como o Recanto Oriental, que a
própria administradora do Parque da Redenção, na rádio, confessou que uma
empresa particular - a Fundação da Imcosul, se não me engano, ou a Maisonave -
custeou a iluminação pública daquele largo lindíssimo, no centro do parque, com
água colorida etc. E em menos de um mês já tinha sido completamente depredado.
Depoimento que colhemos de uma pessoa que atravessa
a Redenção de dia, uma senhora que mora no Jardim Vila Nova, me contou que
trabalhava do lado da Osvaldo Aranha, do outro lado da Redenção e parava com o
ônibus que vinha da Zona Sul em frente a uma Avenida, e atravessava o Parque de
manhã para trabalhar às 8:00 horas, portanto dia claro, e um cidadão, isto é,
uma história verídica e um cidadão com esta senhora que eu não vou revelar o
nome por respeito a sua integridade moral porque ela tem filhos grandes, ela
caminhando pelo Parque, em demanda da José Bonifácio, do seu trabalho do seu
ganha pão, um cidadão com uma capa, em pleno verão, ele se punha da frente dela
na orla da José Bonifácio dentro do Parque Farroupilha e abria a capa para
fazer exibicionismo e tal, quer dizer, pessoas completamente anormais,
paranóicas, tarados de todas as espécies, e continuam alguns aficionados
dizendo simplesmente que questões ambientais, e que o Ver. Gregol que não me
honra com a sua presença chegou apresentar aqui, que fechar é sinônimo de
ditadura que não sei o quê, enquanto se derruba o muro do Leste a Oeste,
enquanto se abre as questões ele quer comparar questões do muro de Berlim com
cercamento do Parque, não para restringir liberdade de ninguém, mas se
estivesse fechado como são os parques nas grandes cidades começar pelo
Ibirapuera em São Paulo, o Jardim Botânico no Rio, o Parque de Madrid, o de
Londres, em Paris, em Belo Horizonte, não precisa sair do Brasil, se saberiam
pelas entradas quem entraria lá dentro. Quando na discussão eu já tinha
informações e agora esta reportagem confirma que os bebedouros servem para
lavagem após relações sexuais de pessoas de todas as espécies e no outro dia,
as crianças vão usar esses bebedouros.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nereu
D'Ávila, não só o Parque Farroupilha, eu creio que Porto Alegre tem que partir
para não o cercamento só do Parque, e sim para cercamento até de outras praças,
porque o que nós estamos vendo hoje que as praças que supostamente seriam o
local onde as crianças teriam o lugar limpo para o lazer não está acontecendo.
Porque conforme matéria publicada na “Zero Hora” na semana que passou, as
praças agora estão servindo até de locais para despacho, então, vejam os
senhores Vereadores o que está acontecendo nas praças, o pronunciamento de V.
Exª é muito importante e inclusive eu creio que nós, Vereadores da Cidade, nós
temos que nos preocupar mais além ainda, e não só a Praça da Redenção, outras
praças terão que ser cercadas porque se não daqui mais uns tempos a população
de bem não terá lugar decente para ter as suas horas de lazer.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Agradeço o seu aparte. Aqui na Saldanha Marinho, no Menino Deus,
Av. Getúlio Vargas à esquerda, em demanda Azenha, tem uma praça. Precisa ver
que beleza de praça, não há nenhum cerceamento de liberdade. É preservação do
verde, da planta, da depredação. Porque nós não queremos enfrentar a realidade,
o nosso povo ainda não tem educação suficiente. Quando sai um orelhão, do Poder
Público, e há necessidade de um médico, no inverno, à noite, e há uma mãe
desesperada porque está com o filho com febre, chega lá e o orelhão está
depredado, quebrado. É que meia dúzia de vagabundos que não têm educação vão lá
e depredam.
Então o Parque, do tamanho do Farroupilha, que deve
ser preservado, que toda a população de Porto Alegre e da Grande Porto Alegre
usa, deve ter o seu patrimônio preservado.
O Sr. Gert
Schinke: V. Exª permite um aparte?
O SR.
PRESIDENTE: São 30 segundos, Vereador, para o aparte, porque se esgota o
tempo do orador.
O Sr. Gert
Schinke: Agradeço. Assino embaixo da sua preocupação. Este Vereador não tem
preconceito em relação a cercamento de praças, tanto é que Porto Alegre tem
várias praças. O Parque Chico Mendes é um deles. É cercado. E defendo que tem
que ser. A única preocupação que eu colocaria é que isso fosse resultado de um
processo de consulta à população. E neste sentido assino completamente em baixo
do que V. Exª coloca.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: É o que nós esperávamos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu teria alguns assuntos para
tratar aqui e um que me deixou preocupado durante a nossa sessão normal de
segunda-feira quando, no encaminhamento da votação de um Projeto de nossa
autoria, que a gente quer que seja de autoria da Câmara e não só nosso, e que é
um Projeto singelo, que trata de uma questão quase que de adaptação de uma
questão urbana que se transforma no dia-a-dia. A Cidade está permanentemente em
movimento, porque ela é habitada por pessoas, e elas desenvolvem sua vida e tem
todo um processo de modificações que são inerentes na vida humana. E nós, com
toda a transparência, toda, quem sabe, ingenuidade do mundo - seria bom que
todos fossem ingênuos e não burros - fizemos uma proposta e eu fiquei
preocupado porque respeito muito o Ver. João Dib, ex-Vereador, ex-Prefeito,
ex-Secretário, e pensei qual o erro que estamos cometendo e fui verificar o
Plano Diretor, consultar uma ou outra pessoa que temos confiança e o que recebi
foi uma espécie de cartão azul, trânsito livre, dizendo que tinha razão. Se o
Plano Diretor tivesse seguido o que a lei permite e prevê no art. 24,
periodicamente deve ser revisto, adaptado. As unidades residenciais,
funcionais, territoriais mudam sua configuração em razão do crescimento e essa
questão que colocamos das entidades sindicais, que foi por uma emenda do Ver.
Vieira da Cunha estendida as associações de classe para sua instalação de sede,
elas são um exemplo que temos, se o Plano Diretor fosse hoje reavaliado muitas
outras coisas seriam revistas.
Então pensei em usar uma parte dos 10 minutos de
Comunicações que é uma coisa rara de se conseguir aqui na Câmara porque o
período de Comunicações quase sempre ficam para as calendas e dizer que nós
temos uma preocupação com a Cidade, que vai muito além do detalhe das entidades
sindicais, de se localizarem aqui ou ali, por que afinal de contas é na cidade
que a gente vive, trabalha, mora, estuda, tem lazer, faz a sua vida em geral e
vai no parque, com cuidados excepcionais, é lógico, respeitando aquilo que foi
dito pelo Ver. Nereu D'Ávila, a gente não quer o parque cercado, mas vamos ao
parque cercado de preocupações, assim como andar na rua a noite, em qualquer
lugar da Cidade, mesmo de dia. Nesses dias foi discutido aqui na Câmara e aí
também alguns Vereadores, no caso não o Ver. João Dib, pelo contrário, acho que
estávamos no mesmo local com a mesma posição, com relação a uma pseudo
pracinha, um beco, um canto no escuro que existe na rua Vasco da Gama próximo a
Ramiro e que o grande defensor desta Cidade, entre aspas, o Ver. Isaac Ainhorn,
quer transformar numa praça particular dos moradores daquele edifício. É uma
pessoa que a gente tem que aprender com ele, porque cada vez que ele fala em
defesa da Cidade, a gente se localiza bem. “Olha agora eu já sei o que não devo
fazer”. E ali existe um problema, ali é um lugar onde sempre tem gente bêbada,
infelizmente pessoas que são os restos da nossa sociedade, dessa sociedade de
consumo, tem gente - e não dá para afirmar, porque teríamos que provar, mas é
uma boca-de-fumo e tem assaltantes, tanto é que um dia, há alguns anos atrás,
mesmo eu tendo recomendado meus filhos, em deles, o mais moço que tinha uns 12
anos, durante o dia vinha passando por ali e foi assaltado e roubaram um
aparelho que ia ser levado para o conserto, roubaram e o guri teve a sorte de
não resistir e entregou o aparelho e tal, mas foi batido por três pessoas. E
ali o Ver. Isaac Ainhorn diz que tem que ter uma pracinha, só que ele quer uma
pracinha para a população que vive num edifício, entre aspa, privilegiadamente,
e que não querem fazer o que o vizinho do outro lado quer fazer, que quer
comprar o terreno para construir, e o dinheiro daquele terreno, que hoje é um
problema para a Cidade, passasse a ser usado em outras áreas que têm maior necessidade.
Mas todos esses pequenos problemas somados, não vão ser resolvidos, na nossa
opinião, se nós não tivermos uma postura nova sobre a nossa Cidade e sobre o
sistema que queremos viver. Dizia num cartaz, convocando um Congresso Mundial
de Urbanismo há anos atrás, o Congresso seria em Portugal, cartaz muito bonito,
dizia: “O Mundo é a nossa Casa.” E esse ano em que se discute a Eco 92, nós
estamos vendo as movimentações, isso me faz lembrar sempre lembrar dos donos do
mundo. Porque, de fato, se o mundo fosse concebido por nós, cidadãos
conscientes de que o mundo é a nossa casa, não haveria bomba atômica, não
haveria essas enormes questões que hoje estão acabando com a vida no planeta,
que estão criando um verdadeiro caos, e até deixando as pessoas numa total
insegurança. De um lado pela exploração violenta da nossa riqueza natural e por
outro lado pela dominação de homens sobre homens, do capital sobre o trabalho.
E eu gostaria que nós, ao votarmos esse tipo de Projeto aqui na Câmara,
considerássemos que não é só o mundo que é a nossa casa, que Porto Alegre é a
nossa casa; a nossa cidade; o nosso terreno não termina na porta do edifício ou
na ponta do terreno. Hoje o que mais se vê em Porto Alegre são construções de
grades. E nesse sentido é que eu apelo para que pensemos bem na hora de votar o
Projeto amanhã, que o ver. Dib ainda não encaminhou contrariamente como disse
que vai fazer. E que se pense bem quando se votar a questão da regionalização e
de centralização que nós tivemos 24 votos, aqui, 24 votos e que foi vetado e
que eu apelo, não só à minha Bancada como a todos os Vereadores para que a
gente consiga garantir que este Projeto exista porque se não houver condições
da população tomar consciência de que a Cidade é a sua casa, a democracia não
vai existir e se não houver democracia não vai melhorar a qualidade de vida,
pode melhorar, e muito, para alguns, mas sempre piorando em muito para a
maioria.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Próxima oradora inscrita, Verª Letícia Arruda.
A SRA. LETÍCIA
ARRUDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aproveitando a última frase do
discurso do Ver. Clovis onde ele disse: “Enquanto a população não tomar
consciência de que a Cidade é sua Casa, seu lar, o seu mundo.” Essa consciência
essa Vereadora tem e gostaria de esclarecer aos Companheiros aqui presentes e
aqueles que durante o 2º Congresso Internacional Latino Americano de
Legisladores Municipais em 21, 22 e 23 de novembro próximo passado estiveram
conosco defendendo não só Porto Alegre mas o Rio Grande e muito além disso todo
o nosso País. Durante aquele encontro em Punta Del Leste foi votado e aprovado
no Plenário onde estavam aproximadamente 1.500 ediles, concerrales
e Vereadores de toda a América Latina foi votado o nome desta Vereadora e
aprovado o meu nome e do Ver. Zanatta de Santa Maria para coordenar a Primeira
Jornada de Formação de Líderes para a prevenção da SIDA que vai ocorrer neste
final de mês na cidade de Rosário na Argentina. É preocupante, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, e esta vereadora sabe que o tempo já está terminando e, em
nenhum momento sequer, eu consigo da Casa um apoio concreto. Já encaminhei
correspondência ao atual Presidente da Casa, Ver. Dilamar Machado, aos
Vereadores que fazem parte da Comissão do Mercosul, e eu não tenho nenhuma
resposta. Ocorre que neste 3º Encontro Preparatório que houve no Paraguai, na
cidade de Encarnación, esta Vereadora foi a única representante do País, para
discutir com os outros Vereadores dos outros países, esta jornada de jovens
líderes de todas as camadas sociais. Cada país enviará a Rosário 30 estudantes,
sendo que o Paraguai já solicitou 40 lugares. A cidade de Rosário sediará o
Encontro Internacional. Nós, logo passando a fronteira, somos vistos como os
proliferadores, os multiplicadores e os desencadeadores, infelizmente, e
carregadores da SIDA - da AIDS - e do cólera. No final de semana, quando eu
estava no Paraguai, a fronteira foi fechada para o brasileiros, e diziam que
como temos em toda a América Latina 2 milhões de pessoas contaminadas pela
SIDA, 1,5 milhão de contaminados estão no Brasil. Temos, na realidade, uma
população de 146 milhões de pessoas, e 70% da população da América Latina é
composta pelos habitantes do Brasil. E, por mais coragem e força que eu tenha,
sem o Poder Público, sem o poder da Câmara me auxiliando, eu não vou conseguir
levar estes jovens para lá. É preciso agradecer, quando do encontro que eu fiz
aqui de legisladores municipais, o comprometimento da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Sem querer passar por cima desta Casa, a Verª Letícia Arruda
requer uma audiência com o Prefeito Olívio Dutra, através do Embaixador, para
colocar a preocupação de bem representarmos o nosso País, levando, daqui de
Porto Alegre, o maior número possível de jovens, para esse intercâmbio cultural
que é inédito, que nem na Europa existiu até hoje. Ontem, para surpresa minha,
saiu uma nota no “Jornal do Comércio” dizendo que a Assembléia Legislativa
poderá enviar, em março, a Rosário, representação oficial à I Jornada
Latino-americana de Formação de Líderes Juvenis para Prevenção da SIDA, cuja
comitiva deverá ser coordenada pelo Presidente da comissão de Saúde e Meio
Ambiente Dep. José W. Corrêa, do PDS”. Não é verdade, estou com toda a
documentação oficial do País, foi entregue pela Argentina, como esta Vereadora
é a responsável oficial, bem como o Ver. Zanatta, de Caxias, por esse Encontro.
Tenho em mãos a documentação. Por isso, solicito que esta Casa, através do
Gabinete de Imprensa esclareça a todas as emissoras de rádio e televisão, que a
responsável séria sou eu, que, até hoje, compareci a todos os eventos sobre a
SIDA, dentro e fora do País.
O Sr. Gert
Schinke: V. Exª me permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Este
Vereador quer se solidarizar com sua luta. Acho que é importante marcar a sua
posição, pois o que ocorreu nem me parece um equívoco, mas, sim, uma maracutaia
que alguém aprontasse com relação a S. Exª. Acho que esse trabalho deve ter o
apoio total desta Casa no que toca à conscientização e à organização de atividades
para prevenção à AIDS.
A SRA.
LETÍCIA ARRUDA: Agradeço pelo aparte. Ressalto que desse último Encontro
esta Vereadora levou mais de dez quilos de propaganda e material de divulgação
de nosso trabalho em todo País. Foram publicidades do Ministério da Saúde, do
GAPA, das Secretarias Municipal e Estadual do Rio Grande do Sul.
Mais uma vez, talvez a última, solicito o apoio
desta Casa, porque, caso contrário, vou mandar para o governo da Argentina a
comunicação, através do Sr. Secretário de Saúde daquele País, o lamento de que
o Brasil não irá comparecer por falta de apoio, não só do Governo, mas também
dos empresários. Como disse, a hospedagem e locomoção dos estudantes será cargo
do povo argentino. Infelizmente a única delegação que ainda não está preparada
é a brasileira. A Bolívia, Uruguai, Argentina e Paraguai já estão com todos os
seus jovens, seus líderes, destacados para debater durante esses quatro dias. E
mais uma vez ressalto que este é um ponto inédito no mundo inteiro. Nem os
países da Europa fizeram esse intercâmbio cultural.
Um País que não está cuidando de quem está doente,
vai-se preocupar em prevenir? É isso que eu digo: por que ter que dizer lá fora
que gastamos milhões de dólares com panfletos, com vídeos, se aqui dentro, quem
está trabalhando, não consegue nem levar seus estudantes para mostrar toda essa
matéria? Divulgar nome lá fora é tão ou mais importante que fazê-lo nesta Casa.
É preferível que tenhamos que desmascarar e desmistificar todo esse flagelo
sensacionalista que estão fazendo contra o nosso País. Isso é responsabilidade
de todos os brasileiros, não só minha. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Dilamar Machado está com a palavra,
em tempo de Presidência.
O SR.
DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, com relação ao discurso
da companheira Letícia Arruda, quero dizer a S. Exª que não entendi, talvez
porque eu estava lendo a matéria para apresentar da tribuna agora.
Mas Ver. Clovis Ilgenfritz, meu colega de Mesa, um homem
extremamente interessado nas coisas da Cidade, precisa tomar conhecimento deste
documento. Tenho-o guardado há mais de dois anos, e a Bancada do Partido dos
Trabalhadores precisa, também, tomar conhecimento dele, porque se trata de
trabalhadores. Um partido que se registra e que se consagra no País como
Partido dos Trabalhadores não pode
massacrar trabalhadores, não deve massacrar trabalhadores.
Vou ler o documento e depois comento com os Srs.
Vereadores. (Lê.)
“Aos sete dias do mês de novembro reunimo-nos na
sede da EPATUR, sobre a presidência do Senhor José Carlos D'Ávila, comissão do
Centro da Cidade e floristas permissionárias das bancas ora existentes na
Avenida Borges de Medeiros, afim de estabelecer as condições da remoção das
referidas bancas e sua posterior realocação. Estiveram presentes a reunião os
seguintes permissionários Gilnei Germano Jordam representado neste ato por
Selmira Miller dos Santos; Maria Cenira Miller, Miguelina Lucila Miller, Ilza
da Silva Raimundo, Maria Izabel, Valdir Corrêa Bitencourt e seu colega José
Benone dos Santos. Ainda fez-se presente o Vereador Dilamar Machado, Luiz
Carlos Moraes, representando a SCM e os Arquitetos José Carlos Rosa e Bruno
Carlos Franke. CONDIÇÕES AJUSTADAS: 1) O presente deslocamento tem caráter
provisório para Praça XV até conclusão final do projeto Centro da Cidade. 2)
Remoção final das bancas ora existentes dar-se-á até segunda-feira próxima. 3)
Fica assegurado o direito de retorno das permissionárias para o calçadão a ser
construído na Avenida Borges de Medeiros frente a loja Guaspari em dois ou três
módulos, de três permissionárias, cada um no primeiro caso, e de duas na
segunda hipótese, tudo em conformidade com a viabilidade do projeto. 4) As
floristas permissionárias não beneficiadas com a presente, serão realocadas no
trecho compreendido entre o antigo abrigo dos bondes edifício Delapieve. 5)
Fica designado como indicativo o dia 30 de abril de 1990 a data de realocação
das permissionárias. 6) Fica estabelecida, ainda, que a comissão Centro da
Cidade se compromete a elaborar projeto arquitetônico das bancas ou módulos
integrados ao projeto geral, cujo custo será suportado exclusivamente pelas
permissionárias. 7) Se compromete ainda a comissão centro em realizar
instalação hidráulica junto aos módulos ou bancas. 8) Fica convencionado ainda
que as permissionárias assumem compromisso integral com a manutenção e limpeza
do local. Por nada mais a ver a tratar, foi encerrada a presente ata que vai
assinada pelos presentes abaixo relacionados.”
Bom, este foi um acordo, escrito, definitivo em que
aquelas pobres mulheres, floristas algumas com mais de 30 anos de atividade no
centro da Cidade, aceitaram de bom grado, abriram mão do seu direito de terem
as suas bancas instaladas na Av. Borges de Medeiros, porque a SMT, havia
decidido de um hora para outra fazer um estacionamento noturno. Dois anos se
passaram desde a data, e elas continuam jogadas a um canto, onde era o abrigo
de bondes. E o que é o pior, com a abertura do Largo Glênio Peres, foi feita uma
tela e que impede a passagem de pessoas. Elas não têm mais trabalho, estão
literalmente morrendo de fome.
Pergunto aos companheiros do PT. É assim que se
trata trabalhador? Afinal, trata-se de uma medida singela. Os Vereadores
deveriam de ir lá olhar. Hoje de manhã vieram aqui, algumas, conversar com o
Ver. Nereu D'Ávila. São mulheres que envelheceram naquele trabalho, já de
cabelos brancos, algumas, e de rosto enrugado, após anos, uma vida inteira
trabalhando como floristas no centro da Cidade. E a sua atividade é de
interesse da comunidade e até de turistas. É o meio de vida daquelas mulheres.
Não trago esta informações como denúncia, como
escândalo. Diria que é um descuido indesculpável da Administração do PT.
Gostaria de, aliás, nem preciso tomar conhecimento do que vão fazer. Mas que
façam alguma coisa. Peguem o Secretário Municipal da Indústria e do Comércio, a
tal Comissão do Centro, o Vice-Prefeito Tarso Genro, que precisa fazer uma
atividade, além de fazer discurso. Que vá para a rua, ver as coisas de perto.
Não adianta fazer discursos de campanha em tudo que é emissora de rádio. E
trabalho, não? O Vice-Prefeito é pago para trabalhar. Esta é uma tarefa, um
compromisso que foi assumido por mim, Vereador da Oposição, à época Líder da
Bancada do PDT, como o Vice-Prefeito Tarso Genro, de que aquelas floristas, em
abril de 1990, seriam alocadas, recolocadas defronte o Edifício Guaspari. O
projeto era retirar dali o ponto de táxi e colocá-lo num outro local e ali
fazer um calçadão e colocar as floristas. Acho que este calçadão já era. Não
vejo nenhum projeto em andamento nem possibilidade presente. Agora elas não
podem continuar onde estão. Se mexe tanto no centro, se mexe com camelôs, se
abre espaço para comício, espaço para banda, para música, para tudo. E as
floristas estão ali, encurraladas. Eu gostaria de ouvir nas próximas horas, nos
próximos dias, qualquer companheiro do PT, chegar e dizer: “Olha, por uma
questão de justiça, o assunto está resolvido, as floristas estão recolocadas,
num lugar que possam efetivamente trabalhar, onde haja trânsito de pessoas”.
Elas estão atualmente num gueto, estão literalmente num gueto, não tem entrada
e não tem saída. Quem entra não saí, quem está não entra. Então não é justo que
numa época de crise, de brutalidade, de violência, de falta de política
salarial, se deixe ali jogado à própria sorte. Eu não sei exatamente quantas
bancas são, mas me parece que são no total 16 floristas. Mas não importa o
número, importa a essência da reivindicação dessas mulheres, indefesas hoje
perante tudo. Então pediria aos companheiros do PT, que levassem ao Prefeito
Olívio Dutra, ao Vice-Prefeito Tarso Genro, à comissão do centro, a nossa
preocupação, e o nosso desejo, até por um ato de humanidade e de compromisso,
porque não foi uma promessa, olha, vamos dar um jeito, quem sabe, é uma
hipótese. Não, é um compromisso formal, está escrito e assinado pelo Governo
Municipal, chancelado com testemunha, pelo Presidente da EPATUR, Comissão do
Centro, Dr. Luiz Carlos Moraes, assessor direto do Vice-Prefeito Tarso Genro. E
esse compromisso eu já cumpri. E que eu tenha a satisfação de numa próxima
passagem pelo centro, rever as nossas floristas trabalhando, que é um direito
que elas adquiriram há várias décadas no centro de Porto Alegre. Estão ali,
também, na realidade, produzindo e girando a roda da economia do Município. Era
esta a comunicação.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Ainda no período de Comunicações, com a palavra, o Ver. Luiz
Machado.
O SR. LUIZ
MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero agradecer o espaço do Ver.
Gert Schinke a este Vereador, para que pudéssemos nós falarmos na Casa do Povo
trazendo o nosso repúdio a uma matéria publicada dia 21, sexta-feira passada na
página 41 do jornal Zero Hora.
Eis o que diz a matéria: “Será em março votação do
veto dos advogados. O lobby do Presidente Regional da Ordem dos Advogados do
Brasil, Nereu Lima, sob a Presidência e as Lideranças partidárias da
Assembléia, conseguiu transferir para 1º de março a votação do veto do Governador
ao Projeto do Judiciário, que dispensa a contratação de advogados, para
questões judiciais até vinte salários mínimos. Nereu Lima é favorável a
manutenção do veto. E ontem teve o apoio do Líder Pedetista Carlos Araújo”. Eu
tenho certeza de que o nosso Deputado Líder na Assembléia Carlos Araújo não
sabe da gravidade de onde está metendo o dedo.
Eu espero e tenho certeza, que o lobby que nós
líderes comunitários de Porto Alegre vamos fazer, é para calar a boca da Ordem
dos Advogados, Presidente Nereu Lima, que quer mudar um Projeto que veio do
Judiciário para atender os descamisados, eles querem simplesmente acabar com a
justiça de pequenas causas.
E eu quero, falando para a Bancada do PT, com as
demais Bancadas desta Casa, aqueles que não ficam aqui defendendo na Tribuna ou
no palanque lá fora, e nas ações, traem o povo. Eu quero que essas Bancadas
estejam presentes na Assembléia dia dez, para derrubar o veto Sr. Governador,
sobre o Projeto de Justiça de Pequenas Causas, onde ele muda tudo no que tange
à Justiça de Pequenas Causas, trazendo um grande prejuízo às camadas.
O Sr. Governador vetou o Projeto que veio do
Judiciário, sobre a Justiça de Pequenas Causas, portanto temos uma obrigação,
líderes comunitários de Porto Alegre. A OAB, simplesmente o Presidente Nereu
Lima está ao lado do Governador, está fazendo um lobby para que seja mantido o
veto dia 1º de março, para que mude o Projeto que veio da Justiça, que seja
alterado, porque ele é do pensamento que está sendo fechada uma porta aos
advogados, nas questões de Justiça e Pequenas Causas. Vou dar um exemplo aos
Senhores: A Academia de Samba União da Tinga estava com todos os seus
instrumentos, todos eles retidos pelo ex-Presidente. Vieram a este Vereador,
que intercedeu e pediu que eles encaminhassem à Justiça de Pequenas Causas. Não
gastaram um tostão, em apenas cinco dias os instrumentos foram devolvidos aos
componentes e à Diretoria da União da Tinga.
Quem sabe, não era para estar numa página interna,
era para estar na página de fora, e não numa matéria pequena para o grau de
alcance social que é a Justiça de Pequenas Causas. Eis o que diz o
Desembargador: “a ação da OAB foi considerada contrária aos interesses sociais
pelo Desembargador Rui Rosa de Aguiar Junior, Coordenador do Juizado.” A OAB foi,
ainda, acusada de corporativista, segundo o Desembargador. Mais de duzentos
Municípios gaúchos podem ficar sem qualquer tipo de assistência judiciária se
os Deputados não derrubarem o veto do Governador. O Dr. Nereu Lima teme a força
do lobby que articula a manutenção do projeto original, que é a nossa defesa.
Ontem, para uma platéia de deputados formada majoritariamente por advogados, o
Presidente da OAB expôs a tese de que pela Constituição Federal o advogado
também é parte integrante da Justiça. Rui Rosado de Aguiar, que é o
Corregedor-Geral da Justiça Gaúcha trouxe o exemplo internacional, dizendo que
em nenhum país do mundo é obrigatória a intervenção do advogado para o
acompanhamento das ações judiciais. Para o Desembargador o Rio Grande do Sul
inova com o Juizado de Pequenas Causas, capaz de resolver 70% das causas
através de conciliação, contribuindo para o desafogo dos serviços judiciários.
Aguiar lembra que 80% das causas são de até 2 Salários Mínimos.”
Portanto, a deste desembargador vai o apoio dos
líderes comunitários, aqueles que têm ouvido, voz e que têm discernimento para
saber, entender o que pode ter alcance a Justiça de Pequenas Causas e o que
querem fazer na calada da noite, alterar um projeto do judiciário que venha
atender ao povo, ao sofredor, aquele trabalhador que ganha salário-mínimo e não
pode pagar advogado. Portanto, este Vereador, oriundo do trabalho comunitário,
podem ter certeza, vamos colocar na assembléia 500 vileiros, no mínimo, vamos
colocar 500 pessoas da periferia de Porto Alegre, no dia 10 de março para
manter o Projeto Original, para que possam saber os senhores juristas que nem
todos são donos da verdade, que o Judiciário fez uma proposta, um projeto
correto para atender os descamisados, mas tem muita gente que a isso não
interessa, isso até mesmo prejudica a intenção de muitos, que sabe
perfeitamente que trabalhador que ganha dois pisos salariais, que ganha um piso
salarial não tem dinheiro para pagar Advogado e essa gente tem que ser
atendida.
O Sr. Nereu
D'Ávila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu
pergunto a V. Exª, o Juizado de Pequenas Causas já existia, o Governador não
está derrogando as Pequenas Causas, o Governador vetou a parte que dispensa a
participação do Advogado, não é isso?
O SR. LUIZ
MACHADO: Até as questões que abrangem acima de 20 salários-mínimos e o
Projeto do Judiciário vai até 40 salários-mínimos. O projeto original vai até
40 salários-mínimos.
A Sra.
Bernadete Vidal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Vereador, eu não estou entendendo muito bem qual é a questão contra o povo e
essa coisa de colocar o Poder Judiciário. Eu não estou entendendo mesmo, deve
haver algum erro, o Poder Judiciário se colocar contra os Advogados? Quando nós
sabemos que o Estado dá por obrigação Lei, o Estado dá Advogado a quem não tem
possibilidade de pagar. Eu gostaria de entender melhor. Existe há muitos anos a
Assistência Judiciária gratuita.
O SR. LUIZ
MACHADO: Vereadora, só para informar a V. Exª, que esta matéria do dia 21,
diz o seguinte: o Judiciário encaminhou um Projeto, a Procuradoria-Geral da
Justiça encaminhou um Projeto, este Projeto que altera a Justiça de Pequenas
Causas, simplesmente o Governador vetou. E, portanto volta à Assembléia agora
para ser analisado o Veto do Sr. Governador. Evidentemente que o Presidente da
OAB, Dr. Nereu Lima, ele defende o Veto do Sr. Governador, inclusive fazendo
lobby às Bancadas para que mantenham o Veto do Sr. Governador. Mas nós vamos
tomar de assalto a Assembléia, com os líderes comunitários, falando com várias
Lideranças partidárias lá dentro, para que derrubem o Veto do Sr. Governador,
para manter o Projeto na sua originalidade.
O Sr. Ervino
Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, mas a
própria Constituição assegura o direito ao cidadão que não tenha condições de
pagar, o juiz na hora de dar o veredito ele pode nomear um advogado do Estado.
Eu acho que o Governador vetou em parte o Projeto, mas não em sua totalidade.
O SR. LUIZ
MACHADO: Vereador, o Projeto é para ampliar o gasto com o judiciário, com a
ação judicial, é o custo dessa ação até 40 salários mínimos. O Projeto original
é 40 salários mínimos, mas eles querem manter os 20 salários mínimos.
Portanto, nós queremos é espaço, que venha a atender
o povo e que venha atender toda camada social, principalmente àqueles que não
têm voz, que não têm vez. Ver. Gert Schinke, muito obrigado por este espaço, e
pode ter certeza que vamos estar juntos na Assembléia, o meu partido e o seu
partido, para que atenda não só em palanque, mas de fato, aos descamisados.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS
ILGENFRITZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu propus ao nosso Líder da
Bancada, rapidamente colocar algumas questões levantadas aqui sobre o Projeto
Centro, pelo Ver. Dilamar Machado, mais especificamente à questão das floristas
do Centro da cidade. Eu acho que é importante resgatar neste debate, Ver.
Dilamar, que de fato o Projeto Centro, ele tem, como toda a obra, causado
problemas, até alguns de vulto e até algumas injustiças, de repente e as
floristas ficaram no meio disso, como diz o provérbio, como o marisco e a maré,
entre o rochedo. Nós fizemos, na época, no início desse Projeto da Borges,
várias reuniões com as floristas e sabemos o quanto elas têm sofrido
determinadas conseqüências dessa mudança radical que está sendo feita no centro
porque precisava haver uma transformação de maior alcance e não ficarmos apenas
na Esquina Democrática, no Calçadão e em algumas ruas, mas envolver nesse
Projeto todas as questões do centro da Cidade para tentar revitalizar. Neste
Projeto está envolvida a questão do Teatro São Pedro, da Usina do Gasômetro que
hoje já está funcionando, que revitaliza o centro desta forma; um posto de
bombeiros que ainda não saiu, mas um posto de emergência na esquina da Mauá com
a Borges, num terreno cujo convênio já havia sido feito com INAMPS para
localizar ali um posto de emergência com ambulância de alto nível, com
qualificação técnica. Algumas leis, como aquelas aprovadas aqui e outras ainda
em edição para proteger o centro da Cidade como a que foi aprovada aqui que
transfere recursos do Sistema Financeiro e Bancário para as obras de interesse
histórico, do Patrimônio Histórico e o que aconteceu com as floristas é que
elas realmente têm o direito de lutar e acho que está perfeito, não tenho nada
a acrescentar ou a opor ao que está escrito neste documento porque neste
momento em que se dá a transformação da Praça XV, aquele Largo da Praça XV, o
Largo Glênio Peres e que vai ser, realmente, uma obra significativa, o
cercamento que houve daquela área está prejudicada, temos consciência disso,
aquelas floristas que estão ali desde abril esperando uma solução eis que em
abril expirava o prazo. Neste ponto temos toda a concordância, então a nossa
sugestão que estamos levando ao Governo, é de que haja uma transferência
novamente provisória, porque sabemos que esta renovação de espaço, desde a
esquina da Mauá, que é isto que previa o Projeto original, até a esquina da
Andrade Neves, haverá vários locais para bancas, não mais de 4 bancas de
floristas, mas 2 ou 1, com desenho novo, com a higiene garantida e com a
garantia de que haja limpeza, porque ao mesmo tempo em que eu concordo em que
elas têm sofrido conseqüências destas obras, se passarmos por lá veremos a
contradição que existe entre as flores que estão nos vasos para serem vendidas
e o chão e o ambiente que rodeia aquelas flores e que está sendo cuidado por
mulheres, que sabemos que têm todo um cuidado com a limpeza. No entanto, há uma
verdadeira falta de cuidado ali. Não adianta o DMLU passar ali com os garis de
hora em hora, porque eu assistia à displicência que existe com a limpeza urbana
naquela área. As pessoas jogam e as floristas limpam, organizam os buquês de
flores e atiram as coisas ali, no chão. Os restos são atirados na rua. Então
isto também é uma coisa que nós temos que cuidar. A nossa proposta, que vai ser
levada agora, tem um dado, que eu acho que nessa remodelação ali deve ser
levado em conta, é que cada pessoa ali seja realmente a permissionária, e não
uma pessoa que está trabalhando apenas para um permissionário que explora o
serviço, como acontece via de regra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dilamar Machado): Liderança com o PDT, Ver. Ervino Besson.
O SR. ERVINO
BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o pronunciamento do nobre Ver.
Nereu D'Ávila, Líder da Bancada do PDT, no dia de hoje, achamos extremamente
importante, e esse Vereador também vai dar seguimento a algumas colocações do
Ver. Nereu D'Ávila. Entendemos que foi de extrema gravidade a denúncia que hoje
trouxe nesta Tribuna o Ver. Nereu D'Ávila, a respeito do que anda acontecendo
no Parque da Redenção: pessoas utilizando-se dos bebedouros para higiene após
relações sexuais, pelo que sabemos no Parque, o qual, hoje, praticamente, está
sendo utilizado por homossexuais. Essas pessoas usam os bebedouros para beber
água com camisinhas dentro dos canos e bebedouros. Isso é de extrema gravidade.
Portanto, mais uma vez, colocamo-nos favoráveis ao
cercamento daquele Parque. Isso, aliás, deverá ser executado, num futuro, nas
demais praças de nossa querida Porto Alegre, porque muitas poucas praças, hoje,
têm condições de receber as nossas crianças, visto que aqueles locais
apresentam péssimas condições de higiene, o que dificulta a que as crianças ali
possam ter horas de lazer. Conforme a imprensa noticiou, na semana passada, as
praças hoje são alvo de tudo quanto é tipo de despachos. Assim, as nossas
praças estão para servir de recreação, mas isso não está sendo possível, já que
lá utilizam para outros tipos de atividades maléficas à saúde, principalmente
de nossas crianças, pois ali elas têm contato com a natureza, ali elas têm o
seu cantinho, hoje tão restrito e cada vez mais diminuto.
Dou exemplo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de
uma Praça inaugurada no ano passado, que leva o nome do nosso querido amigo, da
família Stricher, esta Praça se encontra na Estrada Vila Maria, não tem ainda
um ano de inauguração e se encontra, completamente, destruída; está lá a praça
para qualquer um dos Vereadores que queiram visitá-la, destruíram bebedouro
d’água, balanço, a área que foi cercada para o pessoal praticar futebol de salão,
está toda destruída. E, nós deveremos fazer uma reunião, uma assembléia dia 9,
assinamos uma doção da praça para ver se a comunidade se conscientiza, para
tentarmos mais uma vez recuperar a praça, para que esta população tenha um
lugar decente, adequado para suas crianças usufruírem suas horas de lazer.
Sabemos que a única forma depois de várias tentativas, com reuniões para que a
comunidade se conscientize de que é necessário cuidar da praça, mas
praticamente pouca coisa neste sentido foi conseguido; somente partindo para o
cercamento daquela praça que a comunidade poderá ter um lugar limpo, adequado
para passarem suas de recreação, juntamente com suas crianças. Portanto, Porto
Alegre terá que partir para o cercamento dos seus parques, das suas praças, porque
a Cidade num curto espaço de tempo não terá aonde levar seus filhos, nossos
filhos para terem pelo menos algumas hora de recreação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Clóvis Brum está com a palavra, em tempo de Liderança.
O SR. CLÓVIS
BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pretendo levar ao conhecimento dos
Vereadores desta Casa um projeto, fruto de um profundo planejamento sobre o
assunto. Fácil seria sabermos aqui, por exemplo, a presença já se afastando do
Ver. Mano José, pela especialidade de médico que ele tem e ele, como trabalhou
no Pronto Socorro, deve ter-se deparado com inúmeros momentos de aflição e de
agonia das famílias de pessoas que, falecidas lá chegaram ou lá faleceram. A
dramática situação que passa a viver uma família, já desassistida pela política
de saúde do governo, ao perder um familiar, um parente. Lá, essa família começa
a viver, ou no Pronto Socorro ou no hospital onde faleceu essa pessoa ou no
IML, começa a viver as maiores humilhações que se possa imaginar, porque uma
família ver um familiar falecido e não poder sepultar esse integrante da
família é um momento de muita agonia. E essas cenas se repetem várias vezes por
semana nos nossos aglomerados de mais de 100 vilas populares - diz o Ver. Dilamar
Machado: “duzentas e cinqüenta.” Eu só me referi às maiores, mas o Ver. Dilamar
Machado incluiu as pequenas, porque lá existem famílias também. Mas o drama é
uma loucura, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dessas famílias que vão bater às
portas da Sociedade Pelotense. Antes, porém, percorrem o caminho do registro do
óbito; depois, conseguem o caixão lá na Sociedade Pelotense; depois, vão à
garagem da Prefeitura para conseguir o carro fúnebre para recolher o caixão e
levar aonde está o corpo do seu parente. Lá colocam no caixão e a pessoa é
conduzida diretamente ao Cemitério da Santa Casa, sem qualquer velório, eu
diria, não é dado à família do morto-pobre nesta Cidade sequer o direito de
lamentar o seu morto, sequer o direito de derramar uma lágrima ao seu morto,
porque não há tempo para isto. O carro pega a pessoa falecida e leva
imediatamente para o sepultamento, e se a família quiser velar o seu familiar,
vai ter que perder aquele benefício do caixão da Sociedade Pelotense pago pela
LBA, vai perder o benefício do carro fúnebre, vai pagar capela e vai pagar o
lugar para sepultar o familiar. Ou a família passa toda uma noite e às vezes um
fim de semana coletando dinheiro na Vila com abaixo-assinado. Quem conhece Vila
Popular? Quem conhece as dificuldades da Vila, lá do Mato Sampaio, da Grande
Cruzeiro, da Tio Zeca, da Divinéia, sabe que quando morre uma pessoa a primeira
coisa que se tenta fazer é um abaixo-assinado para poder sepultar esta pessoa,
senão esta pessoa é jogada na vala comum. O que nós propomos, Sr. Presidente, é
que a Prefeitura viabilize uma área onde se possam sepultar estas pessoas
pobres sem qualquer despesa que mande fazer ali, uma ou duas capelinhas, está
resolvido este problema, e aquelas pessoas que têm intimidade com a pobreza sabem
o que é este problema, este é um problema muito sério. Por isso, Sr.
Presidente, conversei com o Prefeito Olívio Dutra e a resposta de S. Exª foi a
seguinte: “Olho com bons olhos o seu Projeto”. Esta foi a frase do Prefeito
Olívio Dutra que eu devo deixar registrada nos anais desta Casa, nesta tarde.
“Olho com bons olhos a proposta de V. Exª.” Este foi um sinal verde, e até
humano que ouvi do Prefeito Olívio Dutra. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Comunicação de Liderança com a Bancada do PDS. Com a palavra, o
Ver. João Dib.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta é a triste cena de algum
Vereador, que assiste, ouve, assiste a Sessão desde o seu início, ouve todos os
discursos que aqui acontecem.
Esta Casa, por certo, anda muito fúnebre. Ontem, nós obrigamos a visitar os cemitérios. Agora, o Ver. Clóvis Brum deseja construir cemitérios. E ontem já ouvi toda a fala do Ver. Clóvis Brum e a paciência, inclusive, do Ver. Clóvis Brum atendendo uma senhora que sabia tudo sobre morte na Cidade. Mas também ouvia a afirmativa do Vereador de que o Prefeito Olívio Dutra via com bons olhos. E acho que qualquer pessoa vê com bons olhos a criação de um novo cemitério, especialmente um cemitério onde pessoas possam ser enterradas com a dignidade que o Ver. Clóvis Brum pretende que lhes seja prestada, sendo indigentes. No mínimo na hora de seu passamento, na hora de seu desaparecimento. Mas não é um assunto tão simples, que possa ser veiculado para a população como de realização fácil. Não, não é nada fácil. Nós temos que saber que para Porto Alegre fazer um novo cemitério, é uma daquelas coisas que ontem eu falava do Plano Diretor e da construção de sedes de sindicatos em área residencial. Não é das coisas mais fáceis se encontrar uma área para fazer um cemitério, em Porto Alegre. Tem que enfrentar a legislação pertinente. O último cemitério feito aqui, o Cemitério da Paz, levou no mínimo dez anos tramitando. Então nós vamos começar a ter que modificar o Código de Obras, o Plano Diretor, e criar, assim, junto à população, possibilidades, esperanças de que haja um cemitério, onde os indigentes sejam enterrados sem nenhum problema, sem nenhuma quebra da dignidade que o homem deve ter ao longo de sua vida. E a sua vida é muito mais importante que o momento de sua morte. Ele deve ser respeitado, durante toda a sua vida. Isso deve, ser preocupação de todos nós. Que haja saúde, haja educação, que haja saneamento. E a morte é a morte. Evidentemente, os que ficam é que sofrem. Os que morrem não sofrem coisa nenhuma. Já não estão mais. Agora os que ficam até por egoísmo sentem a ausência daquele ente querido, e começam a sofrer, e as vezes não sofriam quando ele estava vivo ao lado de cada um de seus filhos, irmãos, pais, enfim ele não estava preocupado. Mas naquela hora todo mundo fica bom.
Então nós queremos o melhor para os nossos mortos.
Mas, Ver. Clóvis Brum, com respeito a sua idéia, é
bom que se saiba que não se pode difundir uma esperança que não pode ser
viabilizada.
Nobre Ver. Clóvis Brum, eu disse que o Cemitério da
Paz, onde o indivíduo tinha a propriedade da área, onde o indivíduo tinha os
estudos geológicos, onde tinha todas as condições, levou no mínimo dez anos
para ser viabilizado em razão de uma série de coisas. V. Exª, por exemplo, se
falasse em fazer um cemitério lá perto da Vila Bom Jesus, eles lhe trocariam de
residência, não lhe aceitariam lá.
Então é um problema extremamente sério, que não pode
ser dito, não pode se veicular a uma esperança, porque não é tão fácil, com toda
a boa vontade do Prefeito Olívio Dutra, que eu não duvido em momento nenhum,
porque ele é uma criatura humana extremamente sensível, não como Prefeito, como
criatura humana, como Prefeito eu o boto de quarentena, mas como criatura
humana ele é. Agora ele tem que ser Prefeito e saber que não é bem assim, que
não se faz um cemitério sem mais nem menos. E que não se pode lançar esta
esperança. Talvez aprimorar o serviço que a Santa Casa oferece, talvez
aprimorar o serviço que a própria Prefeitura tem lá no Cemitério São João ou lá
na Vila Nova, o Cemitério que anda todo complicado, talvez fazer um estudo
profundo para melhorar suas condições. E esta Câmara em 73 chegou a fazer um
estudo para assumir toda a parte funerária de Porto Alegre. Talvez devêssemos
reavivar o estudo.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 15h51min.)
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